sábado, 11 de novembro de 2017

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"Tradição e Plenitude

A natureza funciona através de ciclos. Há o nascimento, a vivência e a morte. A natureza humana e, portanto, sua história, move-se da mesma forma. Existe, porém, para os homens, a existência de algo metafísico superior a esta mera progressão temporal, que forma em contraposição, uma eternidade que é, naturalmente, atemporal: a Tradição. Esta forma um elo entre os mortos e os vivos, bem como aqueles que ainda estão por nascer.

O indivíduo que compreende o significado atemporal de Tradição sabe que nele está depositada imensa responsabilidade.
...ele traz consigo toda a bagagem de valores e ensinamentos de sua comunidade, de seu povo, sua origem étnica.

Viver em contraposição àquilo que define as bases de seu meio social é viver como um pária, tornando-se um cidadão de segunda classe. Obviamente cada indivíduo possui suas próprias aspirações e habilidades vocacionais, porém existe um alicerce moral qual deve servir de base para a tomada de atitude pessoal. Assim, o indivíduo que se propõe a transgredir estes conceitos fundamentais, escolhe viver(?) apenas para si, renegando tudo aquilo que o cerca, bem como o que vem antes de si, i.e., suas origens primordiais e ancestrais. Essa forma de vida hedonística e niilista leva a uma vida de incompletude.

Reconhecido isso, o indivíduo tradicionalista compreende que existe uma obrigação para com o passado e um dever para com o futuro. Localizado em meio a esta força do passado que propulsiona-o ao futuro, bem como esta força do futuro que empurra-o de volta ao passado, o indivíduo compreende que as atitudes tomadas no presente, palco de suas acções, terá repercussões eternas.

"Viver de acordo com a tradição é estar em conformidade com o ideal que ela encarna, é cultivar a excelência em relação à própria natureza, é reencontrar as próprias raízes, é transmitir a herança, é permanecer unido à própria espécie. É também expulsar o niilismo de si próprio, ainda que se deva fingir ser tributário de uma sociedade que permanece subjugada pelo niilismo através dos laços do desejo. Isso implica em certa moderação, impondo limites sobre si mesmo para libertar-se das correntes do consumismo. Também significa encontrar o caminho de volta para uma percepção poética do sagrado na natureza, no amor, na família, no prazer e na acção. Viver de acordo com a tradição também significa dar forma à própria existência, sendo o juiz exigente de si próprio, o olhar voltado à beleza despertada do próprio coração, ao invés da feiura de um mundo em decomposição."
— Dominique Venner


A Tradição e a Família - o Nascimento

"O casamento é uma forma de devoção aos valores primordiais da Tradição."
—Dragos Kalajic

Essencial para o funcionamento do ciclo da vida é o nascimento. O berço para toda nova vida é a Família. Mais do que apenas o nascimento, é o desenvolvimento desta nova forma de vida. A Família é o sustento e a base para a Tradição, visto que é no seio familiar que o indivíduo tem seus primeiros contactos com o mundo, a partir da orientação paterna e materna. Fortes são as famílias que possuem a Integralidade em seus valores, formada por Homens e Mulheres íntegros, conscientes de seus deveres e objectivos.

Em adição, o lar é a moradia do Amor. O amor é o elemento mais importante na construcção de tudo o que é belo. E, como definido por Dominique Venner em sua Tríade Homérica, a beleza é o horizonte, sendo o esforço para o belo a condição do bem. A Família representa a união de todos os valores estéticos e morais de um povo, pois ela é constituída do Amor, da Lealdade, da Coragem, do Respeito e, acima de tudo, ela simboliza a Perpetuação. A Família concebe, cria, protege e aprovisiona. É o perpétuo pilar da Tradição.


A Tradição e a Sociedade - a Morte

Um pode pensar, pelo subtítulo, que a Sociedade simboliza o Fim, ou seja, a Morte. Porém, no ciclo da Tradição, a Morte é seguida pelo Nascimento - a Morte é o que faz com que o Nascimento seja possível. Sendo assim, a Sociedade é responsável pela Morte no sentido que ela é o fruto directo daqueles que já estão mortos há muito tempo. A Sociedade é a Herança dos mortos, é através dela que os mortos vivem perpetuamente. Sociedade é a Tradição institucionalizada. É nela que a Tradição se manifesta em conceitos culturais, políticos e econômicos. Os conceitos tradicionais de Hierarquia e Ordem, assim como as "virtudes cuja práctica constitui a base da "boa vida": generosidade contra a avareza, honra contra a vergonha, coragem contra a covardia, justiça contra a injustiça, temperança contra o excesso, dever contra a irresponsabilidade, rectidão contra o engano, altruísmo contra a ganância" (BENOIST, 1999), surgem todas através das convenções sociais que são cristalizadas através da Tradição. O Indivíduo e a Família, inseridos na Sociedade, formam a tríade Tradicional que conduzem a Identidade do Povo para a Permanência.


Por fim, a ciclicidade da natureza humana, com seus valores atemporais, é apenas plena por conta da Tradição. Vivemos eternamente através de nossos descendentes, mas também vivemos porque somos fruto de nossos ancestrais. Desligar nossa vida de um desses elementos é prejudicial para nossa plenitude. Toda manifestação que transgrida esse ciclo é uma forma de agressão que apenas traz desequilíbrio e desarmonia. A dita 'modernidade' hoje se apresenta como a maior ameaça a esta harmonia, visto que procura a dissolução deste ciclo, buscando a linearidade e progressão, de forma que para atingir seu objectivo ataca as raízes mais profundas da Tradição."
-Legião Identitária

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