"Escrevo que a extinção dos Comandos chegou a ser ponderada não por Catarina Martins ter vindo pressurosamente exigi-la. É óbvio que o fez e fará sempre, pois para o BE os militares devem ser ou uma milícia ou uma ONG...
Mas, e voltando ao facto de a extinção dos Comandos ter sido quase decidida, se aos considerandos de Catarina Martins juntarmos as declarações do porta-voz do Exército anunciando que todas as hipóteses estavam “em cima da mesa” a propósito da suspensão dos cursos de Comandos, percebemos que a líder do BE não falou no vazio. Houve ainda uma fonte oficial do Ministério da Defesa respondendo ao Expresso, quando questionada sobre o fim dos Comandos: “Está tudo em aberto”. Para finalizar, o Presidente da República, por inerência Comandante Supremo das Forças Armadas, achou apropriado ao seu cargo declarar que “será apurado tudo até às últimas consequências”. O português é de facto uma língua traiçoeira e a expressão “até às últimas consequências” não é neutra de modo algum. Note-se que o PR não falou de causas. Falou sim de consequências e só de consequências, num momento em que, acreditávamos nós, se procuravam apurar as causas. Que consequências eram essas?
Entretanto, a roda livre das palavras inverteu o sentido e agora todos, à excepção do BE, garantem que os Comandos não vão ser extintos. Em resumo, extinguir os Comandos chegou a ser ponderado mas essa extinção era ceder demasiado ao BE, que tem manifestado um interesse constante pelo que se passa nos quartéis e já saíra triunfante do caso do Colégio Militar, em que, recorde-se, Marcelo Rebelo de Sousa aceitou, como se isso fosse um mero acto administrativo, o pedido de demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército, general Carlos Jerónimo.
Mas a incompreensão em torno dos militares é muito mais profunda. Claro que um destes dias o PAN pode entrar em transe quando ouvir o grito “Mama Sume” dos Comandos...
Tivemos a fase das forças armadas enquanto barbudos distribuidores de flores. O resultado foi mais ou menos o caos...
Mas ficámos com belas fotografias. Depois as flores ficaram para as floristas, as barbas para os barbeiros e os militares voltaram aos quartéis. Anos depois, extinguia-se o serviço militar obrigatório – rapar o cabelo e fazer flexões estava ao nível da tortura!
Tudo foi feito ao sabor das modas e dos votos...
Por trás desta polémica o que temos é o resultado do populismo com que ao longo de anos se tem tratado a instituição militar."
-Cabeça de Martelo
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