"Memórias duma vida, em histórias ao acaso... da descolonização...
Portugal “autorizou”, em segredo, o desembarque dos Cubanos em Angola, muito antes da Independência; CRUZEI-ME com eles.
Portugal “autorizou”, em segredo, o desembarque dos Cubanos em Angola, muito antes da Independência; CRUZEI-ME com eles.
Cinco dos meus há muito idos vinte anos, ficaram-se por terras de Angola e Moçambique, em tempos de guerra.. anos, que eu não trocaria por nenhuns outros.
Desse tempo ficou-me a África no coração, um sentir de dever cumprido e histórias da História que eu vivi, que nunca foram contadas.. e que a História nunca contará... por serem politicamente incorrectas ..
Esta é uma delas.
Angola, verão de 1975, o MPLA pela força das armas, tinha expulso de Luanda a UNITA e, mais tarde o FNLA, havendo ainda nessa altura, deste último movimento, cerca de dois milhares de pessoas refugiadas junto do Palácio do Governador, na altura um Alto Comissário, o General Silva Cardoso, da FAP.
Comandante, ocasional, duma companhia de
para-quedistas, cabia-me a mim a segurança militar do Palácio.
Vivia então o MPLA a euforia da vitória contra o FNLA em Luanda.
As muitas dezenas de mortos dos massacres ocorridos nesses dias, eram rapidamente carregados em viaturas militares portuguesas e enterrados, por uma escavadora, em valas comuns no campo de golf.
Fora da capital, o MPLA estava sob forte pressão militar em duas frentes, os sul-africanos a sul e o FNLA a Norte.
O dia da Independência aproximava-se e o controle total de Luanda era fundamental ao MPLA, para ser este o único recipiente formal da Independência, conforme vontade e ordens do então pró URSS poder político português.
Apesar das vitórias em Luanda, apoiadas totalmente por Portugal, o potencial militar do MPLA, face à situação geral, não garantia que este conseguisse manter Luanda até 11 de Novembro, dia acordado em Alvor para a Independência.
Moscovo e Lisboa, então irmanadas nos ideais políticos, tinham esta questão crítica a resolver.
Nos limites das águas territoriais de Angola, navios cubanos, com milhares de militares a bordo, aguardavam a oportunidade política para desembarcarem e entrarem em Angola...
O ambiente em torno do Palácio do Governador era caos e drama.
Os militantes e militares do FNLA ali refugiados, aguardavam em terror, a prometida evacuação para o Norte; sobreviviam comendo folhas das árvores e pouco mais.
Grupos militares do MPLA e o seu “poder popular”, em louca orgia de morte e chacinas, varriam a cidade em todas as direcções...
Os motoristas do exército português, por medo e ou ordens, recusaram conduzir as viaturas para transporte dos FNLA´s ao aeroporto (situação que eu acordei, pessoalmente, com o então Coronel Firmino Miguel..), donde seriam evacuados, via avião militar, para Carmona...
Tive eu, capitão para dar o exemplo, mais alguns para quedistas, de conduzir as viaturas!...
Num desses dias, todas as autoridades portuguesas se encontravam reunidas no Palácio, o Alto Comissário, o General Cmdt Militar de Luanda, o General Cmdt da Região Aérea de Angola, o General Ferreira de Macedo que tinha sido o Cmdt da Zona Leste, etc...
E, estranha coincidência, o cérebro militar “Descolonizador”, Major Melo Antunes, chegava nessa noite, vindo de Portugal, em missão especial, o que significava algo de extraordinário.
Jornalistas de todas as nacionalidades em volta do Palácio, nervosos, adivinhavam novidades.
Naquele dia de manhã, um providencial jornalista Brasileiro, insistiu em falar comigo, por ser eu o responsável da segurança do Palácio.
Acedi e disse-me dispor de informações, de fontes fidedignas internacionais, inclusive da Reuters, afirmando que :-
“O MPLA, apoiado por forças do exército e da marinha portuguesa, sob coordenação dum General do exército português, que nomeou, iam naquela noite tomar de assalto o Palácio, deter o Alto Comissário, mais o Cmdt Militar de Luanda e os militares portugueses que se opusessem, para o MPLA declarar de imediato e, unilateralmente, a Independência, e poder assim, afastado e desresponsabilizado o governo Português, pedir o apoio militar dos cubanos, já ao largo, prontos a desembarcar“.
Achei a história fantasiosa, agradeci e nada fiz.
Passada uma hora, insistiu de novo em falar comigo e disse-me para tomar muito a sério a informação dada; estava claramente muito perturbado.
Pelo sim pelo não, reforcei a defesa do Palácio com mais para-quedistas pedidos ao BCP 21.
Horas depois, três da tarde, o sargento encarregado da segurança externa do Palácio reportou-me que duas viaturas blindadas, Chaimites, da polícia militar portuguesa, ao tentaram forçar a passagem, tinham sido impedidas e recuaram.
Estranhei, dei mais credibilidade à informação do jornalista, reforcei seriamente o efectivo e tornei rigorosas as ordens de não deixar aproximar do Palácio, quaisquer militares portugueses do exército e ou marinha.
Falei com o General Valente, Cmdt da Regiâo Aérea de Angola... presente no Palácio... informei-o da situação, disse-me não acreditar, foi falar com o Alto Comissário e reafirmou-me ser tudo especulação.
Entretanto, a polícia militar portuguesa, desta vez, com sete viaturas sob comando dum Capitão meu conhecido, voltou a tentar penetrar a defesa exterior do Palácio; Impedidos pela ameaça das armas dos para-quedistas, recuaram.
Estes movimentos dos militares da PM do Exército... eram clássicas acções de reconhecimento do dispositivo de defesa do Palácio e da reacção deste... para, posteriormente, apoiarem o assalto do MPLA ao Palácio...
Os militares do MPLA circulavam em viaturas, nervosos e sedentos de guerras, em torno da área do palácio.
Já sem quaisquer dúvidas, fiz novo contacto com o General e exigi ordens claras, para defesa ou não do Palácio.. em face das informações e incidentes em curso...
E disse-lhe firme, mas respeitosamente, para informar o Alto Comissário que, caso eu e os meus homens fossemos armadilhados, tal como tinha acontecido com outros
para-quedistas, no 11 de Março de 75, no Ralis em Lisboa, alguém dentro do Palácio teria de responder por isso ... referia-me ao General nomeado pelo jornalista...
Confirmou-me as ordens para a defesa do Palácio contra quem quer que pusesse a segurança deste em questão; ordens reforçadas pelo General Para-quedista Cmdt da Defesa de Luanda...
Já noite, alguns tiros foram disparados contra as sentinelas sem as atingirem, o dispositivo de defesa reagiu de imediato e em força..
Era o reconhecimento pelo fogo da reacção do dispositivo de defesa..
Do interior do Palácio, o primeiro elemento a sair, muito tenso, foi o General, que o jornalista alegava ser o homem mandatado por Lisboa, para execução deste plano.
Visivelmente perturbado, interpelou-me de forma extremamente agressiva acerca do porquê de tal aparato de defesa.
Depois de alguns desenvolvimentos, nada mais aconteceu.
A organização e determinação da defesa, abortara o plano.
Cerca da meia-noite, o Major Melo Antunes chegou vindo de Lisboa, fez uma breve reunião no Palácio e foi de imediato encontrar-se com o Dr. Agostinho Neto á 1 hora da noite, na sua residência no Futungo de Belas, o que por si só, diz da urgência dos assuntos a decidir.
Vinha, seguramente, validar e gerir as consequências do golpe planeado mas, falhado.
Tal como o fez a seguir ao 25 de Nov 75 em Portugal, ao aparecer na RTP1 a validar os vencedores do 25 Nov e a defender o PCP, dizendo que este não tinha culpas e era fundamental á democracia...
Este sinistro Major, alma negra e “intelectual” pró moscovita da revolução, foi sempre o omnipresente mentor e condutor pró soviético da descolonização e não só, armadilhando-a onde foi preciso, para a tornar exemplar, como disse.
Mais tarde diria, cinicamente, que foi a “descolonização possível”.
Pagaram-lhe com um tachito na UNESCO; era alcoólico, morreu por isso.
Dias depois, onze da noite, em Luanda, na recta da Samba, indo eu no meu "NSU Prinz", que tinha sido do meu amigo Tenente Lages, e acompanhado, encontrei-me frente a frente, com uma longa coluna de viaturas militares cubanas, que se deslocava a coberto da noite e do recolher obrigatório ( que eu não tinha respeitado)..
Surpreendido e confuso parei por bom senso, estava fardado por sorte, saí da viatura e identifiquei-me aos dois militares que se me dirigiram, um MPLA e outro Cubano.
Mandaram-me seguir sem nada dizerem; tinham desembarcado lá para a barra do Quanza, na praia das Palmeirinhas, soube eu mais tarde.
Abortada a planeada declaração unilateral e antecipada da independência de Angola, como alternativa, Melo Antunes terá acordado, no encontro com Agostinho Neto, em nome de Portugal, o desembarque clandestino das tropas cubanas em Angola, cerca de três meses antes da independência.
Portugal traiu assim, politicamente e de facto, os acordos de Alvor, assinados com os três movimentos.
Mais tarde, os navios regressaram a Cuba, já depois da Independência, carregando os modernos equipamentos saqueados dos hospitais de Luanda, café, autocarros que circularam em Havana ainda com “Mutamba” no destino, viaturas civis, mármores dos cemitérios e gado.. eram pagamentos...
Uns seis meses depois, já em Portugal, num juramento de Bandeira no Regimento em Tancos, encontrei-me com o General Valente, com o qual tinha dialogado no Palácio em Luanda, no decurso deste episódio, e que lá me tinha garantido, convicto, que a história do jornalista não tinha fundamento; dirigiu-se-me e, sem eu nada perguntar, disse-me:-
“Lembra-se daquele dia em Luanda no Palácio ? Pois confirmei já, aqui em Portugal que, de facto, aquele plano de assalto e tomada do Palácio existiu, era para executar e, só falhou, pela resistência encontrada”.
Caso o milagroso jornalista Brasileiro, não me tivesse alertado para o traiçoeiro e criminoso projecto de Lisboa, soldados portugueses teriam morto e preso outros militares portugueses.
Tudo em nome da (in)dependência pró URSS, hoje já EUA, de Angola.
Eram estes então os donos do poder político pós Abril, em Portugal....
Este episódio, entre muitos outros que vivi, ilustra bem a traição e a irresponsabilidade criminosa, duma descolonização anti africana e anti portuguesa..."
-José Luís da Costa e Sousa
Desse tempo ficou-me a África no coração, um sentir de dever cumprido e histórias da História que eu vivi, que nunca foram contadas.. e que a História nunca contará... por serem politicamente incorrectas ..
Esta é uma delas.
Angola, verão de 1975, o MPLA pela força das armas, tinha expulso de Luanda a UNITA e, mais tarde o FNLA, havendo ainda nessa altura, deste último movimento, cerca de dois milhares de pessoas refugiadas junto do Palácio do Governador, na altura um Alto Comissário, o General Silva Cardoso, da FAP.
Comandante, ocasional, duma companhia de
para-quedistas, cabia-me a mim a segurança militar do Palácio.
Vivia então o MPLA a euforia da vitória contra o FNLA em Luanda.
As muitas dezenas de mortos dos massacres ocorridos nesses dias, eram rapidamente carregados em viaturas militares portuguesas e enterrados, por uma escavadora, em valas comuns no campo de golf.
Fora da capital, o MPLA estava sob forte pressão militar em duas frentes, os sul-africanos a sul e o FNLA a Norte.
O dia da Independência aproximava-se e o controle total de Luanda era fundamental ao MPLA, para ser este o único recipiente formal da Independência, conforme vontade e ordens do então pró URSS poder político português.
Apesar das vitórias em Luanda, apoiadas totalmente por Portugal, o potencial militar do MPLA, face à situação geral, não garantia que este conseguisse manter Luanda até 11 de Novembro, dia acordado em Alvor para a Independência.
Moscovo e Lisboa, então irmanadas nos ideais políticos, tinham esta questão crítica a resolver.
Nos limites das águas territoriais de Angola, navios cubanos, com milhares de militares a bordo, aguardavam a oportunidade política para desembarcarem e entrarem em Angola...
O ambiente em torno do Palácio do Governador era caos e drama.
Os militantes e militares do FNLA ali refugiados, aguardavam em terror, a prometida evacuação para o Norte; sobreviviam comendo folhas das árvores e pouco mais.
Grupos militares do MPLA e o seu “poder popular”, em louca orgia de morte e chacinas, varriam a cidade em todas as direcções...
Os motoristas do exército português, por medo e ou ordens, recusaram conduzir as viaturas para transporte dos FNLA´s ao aeroporto (situação que eu acordei, pessoalmente, com o então Coronel Firmino Miguel..), donde seriam evacuados, via avião militar, para Carmona...
Tive eu, capitão para dar o exemplo, mais alguns para quedistas, de conduzir as viaturas!...
Num desses dias, todas as autoridades portuguesas se encontravam reunidas no Palácio, o Alto Comissário, o General Cmdt Militar de Luanda, o General Cmdt da Região Aérea de Angola, o General Ferreira de Macedo que tinha sido o Cmdt da Zona Leste, etc...
E, estranha coincidência, o cérebro militar “Descolonizador”, Major Melo Antunes, chegava nessa noite, vindo de Portugal, em missão especial, o que significava algo de extraordinário.
Jornalistas de todas as nacionalidades em volta do Palácio, nervosos, adivinhavam novidades.
Naquele dia de manhã, um providencial jornalista Brasileiro, insistiu em falar comigo, por ser eu o responsável da segurança do Palácio.
Acedi e disse-me dispor de informações, de fontes fidedignas internacionais, inclusive da Reuters, afirmando que :-
“O MPLA, apoiado por forças do exército e da marinha portuguesa, sob coordenação dum General do exército português, que nomeou, iam naquela noite tomar de assalto o Palácio, deter o Alto Comissário, mais o Cmdt Militar de Luanda e os militares portugueses que se opusessem, para o MPLA declarar de imediato e, unilateralmente, a Independência, e poder assim, afastado e desresponsabilizado o governo Português, pedir o apoio militar dos cubanos, já ao largo, prontos a desembarcar“.
Achei a história fantasiosa, agradeci e nada fiz.
Passada uma hora, insistiu de novo em falar comigo e disse-me para tomar muito a sério a informação dada; estava claramente muito perturbado.
Pelo sim pelo não, reforcei a defesa do Palácio com mais para-quedistas pedidos ao BCP 21.
Horas depois, três da tarde, o sargento encarregado da segurança externa do Palácio reportou-me que duas viaturas blindadas, Chaimites, da polícia militar portuguesa, ao tentaram forçar a passagem, tinham sido impedidas e recuaram.
Estranhei, dei mais credibilidade à informação do jornalista, reforcei seriamente o efectivo e tornei rigorosas as ordens de não deixar aproximar do Palácio, quaisquer militares portugueses do exército e ou marinha.
Falei com o General Valente, Cmdt da Regiâo Aérea de Angola... presente no Palácio... informei-o da situação, disse-me não acreditar, foi falar com o Alto Comissário e reafirmou-me ser tudo especulação.
Entretanto, a polícia militar portuguesa, desta vez, com sete viaturas sob comando dum Capitão meu conhecido, voltou a tentar penetrar a defesa exterior do Palácio; Impedidos pela ameaça das armas dos para-quedistas, recuaram.
Estes movimentos dos militares da PM do Exército... eram clássicas acções de reconhecimento do dispositivo de defesa do Palácio e da reacção deste... para, posteriormente, apoiarem o assalto do MPLA ao Palácio...
Os militares do MPLA circulavam em viaturas, nervosos e sedentos de guerras, em torno da área do palácio.
Já sem quaisquer dúvidas, fiz novo contacto com o General e exigi ordens claras, para defesa ou não do Palácio.. em face das informações e incidentes em curso...
E disse-lhe firme, mas respeitosamente, para informar o Alto Comissário que, caso eu e os meus homens fossemos armadilhados, tal como tinha acontecido com outros
para-quedistas, no 11 de Março de 75, no Ralis em Lisboa, alguém dentro do Palácio teria de responder por isso ... referia-me ao General nomeado pelo jornalista...
Confirmou-me as ordens para a defesa do Palácio contra quem quer que pusesse a segurança deste em questão; ordens reforçadas pelo General Para-quedista Cmdt da Defesa de Luanda...
Já noite, alguns tiros foram disparados contra as sentinelas sem as atingirem, o dispositivo de defesa reagiu de imediato e em força..
Era o reconhecimento pelo fogo da reacção do dispositivo de defesa..
Do interior do Palácio, o primeiro elemento a sair, muito tenso, foi o General, que o jornalista alegava ser o homem mandatado por Lisboa, para execução deste plano.
Visivelmente perturbado, interpelou-me de forma extremamente agressiva acerca do porquê de tal aparato de defesa.
Depois de alguns desenvolvimentos, nada mais aconteceu.
A organização e determinação da defesa, abortara o plano.
Cerca da meia-noite, o Major Melo Antunes chegou vindo de Lisboa, fez uma breve reunião no Palácio e foi de imediato encontrar-se com o Dr. Agostinho Neto á 1 hora da noite, na sua residência no Futungo de Belas, o que por si só, diz da urgência dos assuntos a decidir.
Vinha, seguramente, validar e gerir as consequências do golpe planeado mas, falhado.
Tal como o fez a seguir ao 25 de Nov 75 em Portugal, ao aparecer na RTP1 a validar os vencedores do 25 Nov e a defender o PCP, dizendo que este não tinha culpas e era fundamental á democracia...
Este sinistro Major, alma negra e “intelectual” pró moscovita da revolução, foi sempre o omnipresente mentor e condutor pró soviético da descolonização e não só, armadilhando-a onde foi preciso, para a tornar exemplar, como disse.
Mais tarde diria, cinicamente, que foi a “descolonização possível”.
Pagaram-lhe com um tachito na UNESCO; era alcoólico, morreu por isso.
Dias depois, onze da noite, em Luanda, na recta da Samba, indo eu no meu "NSU Prinz", que tinha sido do meu amigo Tenente Lages, e acompanhado, encontrei-me frente a frente, com uma longa coluna de viaturas militares cubanas, que se deslocava a coberto da noite e do recolher obrigatório ( que eu não tinha respeitado)..
Surpreendido e confuso parei por bom senso, estava fardado por sorte, saí da viatura e identifiquei-me aos dois militares que se me dirigiram, um MPLA e outro Cubano.
Mandaram-me seguir sem nada dizerem; tinham desembarcado lá para a barra do Quanza, na praia das Palmeirinhas, soube eu mais tarde.
Abortada a planeada declaração unilateral e antecipada da independência de Angola, como alternativa, Melo Antunes terá acordado, no encontro com Agostinho Neto, em nome de Portugal, o desembarque clandestino das tropas cubanas em Angola, cerca de três meses antes da independência.
Portugal traiu assim, politicamente e de facto, os acordos de Alvor, assinados com os três movimentos.
Mais tarde, os navios regressaram a Cuba, já depois da Independência, carregando os modernos equipamentos saqueados dos hospitais de Luanda, café, autocarros que circularam em Havana ainda com “Mutamba” no destino, viaturas civis, mármores dos cemitérios e gado.. eram pagamentos...
Uns seis meses depois, já em Portugal, num juramento de Bandeira no Regimento em Tancos, encontrei-me com o General Valente, com o qual tinha dialogado no Palácio em Luanda, no decurso deste episódio, e que lá me tinha garantido, convicto, que a história do jornalista não tinha fundamento; dirigiu-se-me e, sem eu nada perguntar, disse-me:-
“Lembra-se daquele dia em Luanda no Palácio ? Pois confirmei já, aqui em Portugal que, de facto, aquele plano de assalto e tomada do Palácio existiu, era para executar e, só falhou, pela resistência encontrada”.
Caso o milagroso jornalista Brasileiro, não me tivesse alertado para o traiçoeiro e criminoso projecto de Lisboa, soldados portugueses teriam morto e preso outros militares portugueses.
Tudo em nome da (in)dependência pró URSS, hoje já EUA, de Angola.
Eram estes então os donos do poder político pós Abril, em Portugal....
Este episódio, entre muitos outros que vivi, ilustra bem a traição e a irresponsabilidade criminosa, duma descolonização anti africana e anti portuguesa..."
-José Luís da Costa e Sousa
Nenhum comentário:
Postar um comentário