sábado, 3 de outubro de 2020

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"Militares não calam revolta com Ministério

A directiva por uma ‘linguagem inclusiva’, entretanto anulada pelo ministro, fez ‘estalar’ a polémica nas Forças Armadas. Ao SOL, uma oficial no activo não poupa nas críticas ao Ministério da Defesa: ‘Não quero ser levada ao colo por ser mulher’

A directiva da secretaria-geral do Ministério da Defesa que visa eliminar expressões sexistas e homofóbicas no seio das Forças Armadas foi anulada, esta sexta-feira, por João Gomes Cravinho, não sem antes ter causado a indignação dos militares – que têm vindo a exigir das chefias uma resposta ‘severa’ desde que o seu conteúdo foi tornado público. Numa primeira reação, mais a ‘quente’, esteve mesmo em cima da mesa a possibilidade de se avançar para uma manifestação para contestar a diretiva, mas, apurou o SOL, esta possibilidade já terá sido descartada pelos militares.

O documento intitulado ‘Diretiva sobre a Utilização de Linguagem Não Discriminatória’ foi emitido pela secretaria-geral da Defesa e enviado aos serviços centrais do Ministério, ao Estado-Maior-General das Forças Armadas e aos três ramos militares (Exército, Marinha e Força Aérea). Segundo a Defesa, a diretiva tem como objetivo a «utilização de uma política de comunicação inclusiva em todos os documentos oficiais, seja na forma escrita, na oralidade e na imagem». O documento – que cita recomendações do Conselho da Europa, da NATO e resoluções do Conselho de Ministros – prevê que os militares utilizem uma comunicação com «termos neutros» que seja «sensível ao género» e evite a «utilização de linguagem discriminatória». Expressões como «deixa-te de mariquices», «porta-te como um homem» ou «pareces uma menina» são dadas como exemplos do que passa a ser proibido a partir deste momento.

Esta directiva surge no âmbito do plano sectorial da defesa nacional para a igualdade, 2019-2021, mas nas Forças Armadas – um universo tendencialmente masculino – nem sequer conseguiu colher o apoio das... mulheres. O descontentamento será praticamente unânime, mas, num primeiro momento, têm sido as próprias mulheres militares a manifestarem mais abertamente, junto das chefias, o desconforto e a indignação face ao conteúdo do texto. E exigindo mesmo que a situação não caia no esquecimento sem uma resposta concreta e firme.

Ao SOL, uma oficial no activo (que pediu para não ser identificada) admite que quando viu o texto pela primeira vez julgou «tratar-se de uma brincadeira». «Fiquei estupefacta ao ler aquele documento», recorda. A militar considera que «ao tentarem ensinar-nos a falar, o que estão a dizer-nos, a mim como mulher, é que sou uma ‘coitadinha’ e, aos meus restantes camaradas homens, que são uma cambada de ‘grunhos’ mal-educados». «Nós sabemos falar, temos valores e princípios. Somos pessoas como as outras», afirma.

Com uma carreira longa e respeitada, a militar afirma que «o documento só pode ter sido feito por quem não conhece o meio» e deixa dúvidas se «alguém das Forças Armadas tenha sido sequer ouvido quando estavam a escrevê-lo». «As Forças Armadas são talvez o sector da sociedade onde, de facto, existe mais equidade. Onde eu, enquanto mulher, posso ter as mesmas funções que um homem, cumprir as mesmas tarefas e até receber o mesmo ordenado. E agora pergunto: será esta a forma como o Ministério da Defesa vê os militares portugueses? Ou esta diretiva também vai ser alargada à restante função pública? Será que vai ser enviada à PSP, aos inspetores tributários ou até mesmo aos deputados da Assembleia da República?», questiona.

A indignação entre os militares tem, aliás, sido transversal – as críticas vêm de elementos no ativo, na reserva ou na reforma. Dentro de portas, têm sido as mulheres a assumirem maior indignação, pois consideram que são as principais envolvidas (e prejudicadas) nesta questão.

Os dados mais recentes do Ministério de João Gomes Cravinho, referentes a setembro, indicam que servem nas Forças Armadas portuguesas 2783 mulheres (o que representa 11,4% do total de 24 mil militares). Neste momento, estão todas no ativo. E é exatamente por se sentirem ‘obrigadas’ aos deveres militares que têm optado por não declarar publicamente o que pensam.

«Esta directiva é, antes de mais, humilhante para as mulheres. Eu não quero ser levada ao colo por ser mulher. Quero ser reconhecida pelo meu mérito e pelo meu comportamento. Pior que a discriminação negativa é a discriminação positiva. No primeiro caso, tenho a lei do meu lado, mas, no segundo, não tenho como a justificar. As mulheres militares que integram as Forças Armadas ficam, desta forma, numa situação muito difícil perante os seus camaradas homens», diz ao SOL.


Notas pessoais:

  1. Digo isto do fundo do coração: Orgulho nestas militares Lusitanas que recusam fazer o papel de coitadinhas da sociedade "machista e patriarcal, snif snif...", mentalidade típica de mulheres 'beta' que abundam principalmente no meio liberal. Da mesma forma que as mulheres de Valor respeitam muito mais os machos 'Alfa', os homens de Valor também respeitam muito mais as mulheres 'Alfa' - mas que não deixem de ser femininas obviamente.
  2. A intenção desta nova (((terminologia))) não é inocente, nem tão pouco de boa-fé, mas sim um instrumento (((democrático))) para criar confusões desnecessárias, rivalidades artificiais e rancores institucionais entre os diferentes sexos - masculino e feminino, os únicos que existem à luz da História, do senso comum e da Ciência - e quiçá uma espécie de 'ciúmes' infantilizados.
  3. Não se pode ser Nacionalista e ao mesmo tempo estar contra metade da população Nativa. Um Nacionalista Radical recusa categoricamente quer o machismo, quer o feminismo. Reconhece sim a meritocracia como o único modelo social evolutivo.

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