O meu espírito ainda é do tempo que a nossa etnia e seus
rituais faziam o forasteiro de pavor tremer, sua face gelar, o medo seu corpo paralisar,
sua urina por suas pernas escorrer, foi nosso Deus Cernunnos que fez a figura
do pseudo diabo nascer…
Seguidores de deuses orientais, vigaristas bem falantes,
muitas vezes em nossos bosques entraram, tentando os mais ingénuos habitantes
convencer, em nome de uma falsa fé monoteísta de um tal deus patrono e solar, um
misto de Mithras, Júpiter e Rá que todos juntos de maneira bastarda clonaram
numa figura de raiz oriental, cuja proeza era a de vergar, e o imperdoável perdoar...
Quiseram logo aí começar a nossa etnia corromper para
dominar e explorar, mas depressa perceberam que o Celta puro não conseguem
enganar, e então mandaram seus soldados nossas casas pilhar, nossas mulheres
violar e queimar, nossos cidadãos indefesos aprisionar e à força converter e os
pés do ajoelhado na cruz obrigados a beijar…
Bastardos que começaram aquilo que não iriam conseguir
acabar, depressa viram que enquanto eles matavam por dinheiro, nós matávamos por
prazer, seu sangue foi derramado da forma mais bárbara e selvagem que alguma
vez há de acontecer, de volta para suas igrejas de culto oriental os poucos
sobreviventes foram a correr, e nunca mais voltaram e ousaram nos tentar converter…
E então nossa maneira de viver continuou, sob a protecção de
Cernunnos nossos bosques e florestas continuaram nossos bastiões, a divina
natureza era nossa mística fortaleza, desde a Europa ocidental até à Europa
central, eram milhares os líderes tribais e suas legiões, guerreiros com faro
de lobo, visão de águia, e gritos de guerra que se ouviam como trovões...
Nossa maneira de amar era dos demais povos e etnias
peculiar, havia um misto de nobre e selvagem no nosso interior, ora das
palavras diante das mulheres fazíamos poesia para seus ouvidos confortar e suas
almas aconchegar, ora em sacrifícios humanos as convidávamos a assistir; aliás, era
sobretudo aí que tanto macho como fêmea escolhiam com quem acasalar, nossas
mentes tinham um lado sádico que era preciso despertar e ver qual das fêmeas
conseguiria nessa estado de espírito nos acompanhar, o sangue do inimigo
derramado teria que forçosamente no seu mais profundo íntimo as excitar…
Entretanto os séculos foram passando e veio a dita “modernidade”,
adaptamos-nos dentro do razoável e necessário, os sacrifícios continuaram e até
as mulheres já os praticam, arrancando corações e até brincando com eles como
se fossem pequenas pedras ou limões, dizendo a seus amantes para uma mão
escolher, para ver se advinham com que braço o coração corrupto arrancado estão
a esconder…
Mas eis que veio uma nova era de progresso vestida com o nome de
democracia, onde tal como no passado, agora novos vigaristas bem falantes
tentam os habitantes mais ingénuos converter, dizem-nos para seu culto oriental
abraçar, agora com outras vestes e um ridículo avental, dizem que devemos ser
todos iguais sem qualquer hierarquia baseada em meritocracia, dizem que é para
acabar com o termo etnia, a tradição é para extinguir, o termo nação é para
aniquilar, e a um tal de jeová
devemo-nos subjugar...
devemo-nos subjugar...
Sinto de novo o ódio supremo a voltar, sinto de novo o espírito
de Cernunnos despertar...
Bastardos de sangue impuro querem nosso território sagrado
conquistar, querem fazer de toda nossa etnia bastardos sem passado, homens sem
alma e sem espírito, sacos de carne ambulantes, sem virilidade e sem nobreza, devemos
ser burgueses corruptos cheios de ganância ou então mergulharmos numa eterna e
penosa pobreza, pois dizem eles que a honra é para enterrar e só corrompendo é
que se pode nesta era democrática triunfar, onde até homens são amantes uns dos
outros e com crianças menores se pode fornicar…
A sede de sangue e vingança que tenho dava para um oceano
inteiro de vermelho pintar, meu corpo está preso mas minha mente não pára de navegar,
imagens sagradas e divinas são sonhos por realizar, são na verdade os Deuses a comunicar,
ódio pagão a germinar, semente divina a desbrotar, rosa negra, cor da morte nos
sagrados bosques seu odor na brisa a espalhar…
O vento traz o perfume e seu chamar, o olfacto mostra o
caminho, minha faca clama por sangue como um lobo clama pelo luar…
É o sonho tornado real quando a democracia terminar…
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