"Num mundo moderno onde reinam como mestres o consumo, o gosto do “zapping” e do efémero, o compromisso militante traduz-se demasiadas vezes numa paixão passageira, ou mesmo furtiva, que, se é por vezes de grande intensidade, raramente se inscreve na construção e na duração, factores indispensáveis de credibilidade e eficácia.
Para muitos, o activismo não é, com efeito, mais do que um tempo da vida, compreendido geralmente entre o fim dos estudos e a entrada na vida activa, uma espécie de parêntese antes das “coisas sérias” que são as modalidades da vida burguesa. Resumindo, uma espécie de crise de adolescência mais ou menos tardia que não resiste às exigências materiais e às responsabilidades(?) da idade adulta.
Assim, após, na melhor das hipóteses, algumas lutas mais ou menos romanceadas e sobretudo muitas noites de revolução etílica, arruma-se a bandeira e os panfletos na caixa das recordações, entre o camião de bombeiros e o primeiro romance inacabado, para vestir o uniforme de funcionário exemplar que crê dessa maneira tornar-se um “bom cidadão”, amado e respeitado, e um “bom pai de família” enquanto não é, na realidade, mais do que um desertor de segunda categoria e um traidor do futuro do seu povo e das suas crianças, que crê no entanto “proteger” renunciando ao combate."
-Pierre Chatov - O Activismo?
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